O jargão popular “informação nunca é demais” já não é mais verdadeiro. Talvez o pensamento deva ser mudado para “informação qualificada ao interessado é a ideal.”
No início dos tempos a comunicação era bastante precária, pois o vocabulário estava em desenvolvimento e, portanto, eram respeitados aqueles que conseguiam transmitir um pensamento compreendido por terceiros. Depois as informações passaram a ser escritas em papiros por alguns sábios e privilegiados os que acessavam estas informações. O filósofo grego Sócrates (469 a.C. – 399 a.C.) nada escreveu, mas teve a felicidade de ser conhecido pelas gerações futuras graças ao seu discípulo Platão, que registrou seus pensamentos.
Os chineses, por volta do ano 105 d.C., inventaram o papel e rudimentares técnicas de impressão, tornando os livros acessíveis. Mas foi o alemão Johannes Gutemberg (1400 – 1468) que aperfeiçoou a impressão tipográfica e mudou definitivamente o mundo em todas as dimensões. Sua invenção facilitou o registro de ideias e a humanidade tornou-se ainda mais culta. Conteúdos importantes passaram a ser amplamente conhecidos e publicados em jornais, revistas, livros etc.
A evolução continua, bem como as ferramentas para propagar as ideias. No fim do século XIX surgiu o rádio, no início do século XX começou a televisão e enfim o mundo entra na era digital, batizando a “sociedade da informação”. Em 1990 a internet começa a alcançar a população em geral e o conhecimento recebe enorme impulso para ser propagado. Parece não haver limites.
Propagar as ideias ficou extremamente fácil e ao alcance de todos. As pessoas conseguem emitir e divulgar opinião sobre qualquer coisa, sugerindo a ideia de democratização da comunicação. Nunca foi tão fácil buscar conhecimento sobre tudo. Em caso de doença não há necessidade de ir ao médico imediatamente, basta acessar a Internet e digitar algumas palavras para acessar uma enxurrada de informações. O mesmo ocorre em todas as áreas, o que faz de cada um de nós especialistas em todas as áreas em questão de minutos.
Aí é que mora o perigo, pois nem sempre sabemos selecionar as informações de fontes seguras. No primeiro momento o conteúdo parece ser exatamente o necessário, pois há evidencias claras, mas como uma pessoa que não possui conhecimentos prévios sobre determinado assunto e muitas vezes nem sabe como concluir se a fonte é segura pode fazer esta avaliação? Uma dica simples é confirmar a informação em outras fontes (três, quatro ou mais). Desconfie sempre de soluções milagrosas.
Os espertos de plantão, conhecedores dos recursos para propagar interesses maliciosos e/ou desonestos aproveitam-se das tecnologias e da ingenuidade para espalhar a confusão nas redes sociais. O whatsapp, talvez a última tecnologia de comunicação em massa, é um meio no qual propagam-se abundantes mentiras e besteiras monumentais que desviam a atenção dos assuntos importantes.
Se antes era preciso correr atrás das informações, atualmente o processo é inverso, ou seja, a informação é que corre atrás de nós. É necessário instalar antispam, silenciar ou bloquear pessoas e grupos para ter selecionar e qualificar o que se lê.
Ainda que a informação seja verdadeira o receptor pode não ter interesse em recebê-la. Para exemplificar, sabemos que alguns advogados gostam de remeter aos clientes as jurisprudências e leis, mas será que o cliente compreende e/ou deseja recebê-las? Mesmo quando bem intencionado, o contador que gosta de munir seus clientes com decisões do governo encaminha sistematicamente estas mensagens ao cliente. Mas será que ele compreende o gesto e reconhece valor? Sugiro informar ao cliente apenas o que é relevante, de forma pontual, resumida e no linguajar que ele consiga decifrar.
Obrigado pela informação que não me enviastes! Não que as pessoas desejam ficar incomunicáveis, apenas esperam saber o que realmente importa. Se há dúvidas quanto a veracidade, a fonte e o interesse do receptor, o melhor é não transmitir a informação. E aqui vale outro conhecido ditado popular: mais vale a qualidade do que a quantidade.
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